domingo, 23 de maio de 2010

Projeto: Fórum de alunos

O Jornalista JUCA KIFURI, publica em seu blog da UOL a opinião de HUMBERTO MIRANDA DO NASCIMENTO, professor da Universidade de Campinas. ,VEJA O BLOG E A OPINIÃO ORIGINAL, AQUI!!

O que podemos ver, amigo aluno, é que as opiniões sobre este tema são variadas. Como eu antecipei em minhas aulas, o Brasil é o pais de 180 milhões de técnicos de futebol.

Prof. Carlo

Discordando do Tostão e do PVC

*Por HUMBERTO MIRANDA DO NASCIMENTO

Ontem que levou uma taçada na cabeça fui eu ao apostar na derrota da Inter (contra Dunga), afinal sou antidunga.

Entendo, mas discordo do Tostão quando diz na sua coluna de hoje (domingo) na “Folha” que a responsabilidade da perda ou da vitória da Seleção na Copa não será de Dunga.

Ora, é praticamente impossível separar uma coisa da outra.

Quem convoca tem grande responsabilidade e o resultado final pode ser a coroação do sucesso ou do fracasso de uma opção por determinadas características dos jogadores mais úteis a seu sistema de jogo.

Dunga está defendendo uma fórmula vencedora.

Será que é tão difícil as pessoas entenderem isso?

Dunga não gosta de futebol-arte!

Não gosta porque não o entende, não é só por birra.

Ele ignora a essência do jogo comandado pela habilidade no meio de campo.

Ele acredita piamente que poder de marcação e contra-ataque é o mais eficiente modo para vencer, ao contrário do que acha PVC, também em artigo na mesma “Folha”, que tenta explicar isso citando a Inter como exemplo.

O PVC quer convencer que a Inter não foi vitoriosa jogando como Dunga acredita ser a melhor maneira?

Tá, então explica a tríplice coroa?

Provou-se que é eficiente sim.

Nunca neguei que este é uma forma de jogar que dá resultado, especialmente quando, por inércia, acaba vencendo.

Se ano que vem se mantiverem os mesmos times, os mesmos técnicos e os mesmos jogos, em condições normais de temperatura e pressão, duvido que a Inter se consagre novamente vencedora.

Times assim contam com a inércia para vencer, isto é, amarram tanto a partida pelo poder de marcação que o resultado acaba acontecendo a seu favor numa lance de precipitação do adversário, que se torna mais vulnerável na defesa ao tentar impor sua ofensividade.

O contra-ataque é a arma do momento certo na hora do vacilo defensivo.

Hoje os times, vide Inter e Brasil, aperfeiçoaram o poder de marcação (a idéia de que o jogo começa a ser ganho pela montagem do sistema defensivo) e usam o contra-ataque para matar o jogo.

Não importa se o resultado será de 1, 2, 3 ou 4 a 0, mas que eles tenham se originado desse sistema de jogo.

O que nós reclamamos na Seleção é, primeiro, que isso não é futebol; segundo, que não é futebol brasileiro; terceiro, que o meio de campo é a alma do time (de preferência, habilidoso) e, quarto, que devemos buscar sempre o futebol-arte como fim, o sentido da vida.
O time de Dunga tem um monte de volantes, mas poucos “motoristas” com habilidade para criar ou fazer o jogo mudar.

Kaká é utilizado mais como um elo do contra-ataque do que por sua habilidade natural; Robinho, para abrir a defesa; e Luis Fabiano para encaçapar, se possível, todas.

O problema é  saber se Kaká conseguirá exercer tão bem esse papel como se espera dele.

Essa é a maior dúvida.

Se Robinho vai subir de produção nos lances que exigem mais velocidade e objetividade e se Luis Fabiano vai continuar sendo artilheiro.

Ninguém quer mudar a cabeça de Dunga, mas que ele demonstrasse mais transparência nas opções que tem para determinadas posições.

Um técnico que se sente ofendido toda vez que se pergunta sobre isso não é, a meu ver, um técnico para a Seleção Brasileira.

O fato de vc acreditar piamente numa fórmula vencedora não quer dizer que ela não contenha falhas ou limitações.

É preciso reconhecê-las e Dunga não demonstrou em nenhum momento essa consciência, porque acredita que o ingrediente principal da vitória nesse sistema é a fidelidade do grupo, não a qualidade dos jogadores.

Não que os atuais convocadas não tenham qualidades, apenas não são estas que dão coerência ao discurso de Dunga.

A coerência que Dunga alega não se baseia apenas nos resultados, mas na fé do grupo.

Há uma irracionalidade no treinador que marca sua frequente retórica contra os jornalistas.

Ele substituirá Kaká por Julio Batista por razões técnicas ou por fé?

O fato de Júlio ser muito forte é o que o transforma em opção e não a semelhança de estilo.

No final das contas, a força resolve.

Acredito que Tostão e PVC sabem disso, mas às vezes aparecem com explicações que acabam indo de encontro àquilo que querem dizer.

É minha opinião.

*Humberto Miranda do Nascimento é professor da Universidade de Campinas.

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Aqui, a coluna do CRAQUE TOSTÃO. Em minha opinião o melhor colunista sobre o assunto. Sempre concordo com ele e aprendo cada vez mais. O colunista, argumenta sobre a força do conjunto da equipe do técnico DUnga. Esta força, pode ganhar a Copa, mas falta talento. Concordo, com o CRAQUE TOSTÃO, qdo ele diz que esta talento esta em falta na seleção e não no futebol brasileiro.

Prof. CARLO

Tostão
Quem sabe e quem não sabe

Veja a coluna original do CRAQUE TOSTÃO no JORNAL GAZETA DO POVO

Publicado em 23/05/2010 | tostaocoluna@yahoo.­com.br

Dunga já definiu, há muito tempo, uma única es­­­­tratégia e praticamente o time titular. Isso é peri­­­­goso. Ainda mais em uma seleção com tantas possibilidades.

As seleções comuns, mesmo quando vencem, ficam geralmente prontas com antecedência. As grandes seleções, mesmo quando não vencem, são definidas durante ou próximo da Copa. Por causa dos excelentes resultados, Dunga acha que só há um jeito de vencer.

A estratégia será a mesma de quase todas as seleções: iniciar a marcação no meio-campo, diminuir os espaços na defesa e contra-atacar. A Espanha é a única que privilegia a posse de bola, a troca de passes e o domínio da partida.

O Brasil está dividido em dois compartimentos, que pouco se misturam. Um formado por sete jogadores (quatro defensores e três do meio), e outro com Kaká, Robi­­nho e Luís Fabiano. Se der tempo, Elano e os dois laterais, principalmente Maicon, chegam ao ataque.

Não dá para dizer em números qual é o esquema tático do Brasil e de outras seleções. Os números servem apenas de referência. Os jogadores correm e trocam muito de posições. Só dá para explicar quando os jogadores estão perfilados, antes de a bola rolar.

O Brasil não é forte candidato ao título porque tem uma estratégia eficiente, e os jogadores serão raçudos e não irão para as baladas. É prin­­­cipalmente porque tem excepcionais jogadores na maioria das posições. Falta melhor qualidade no meio, na lateral-esquerda, e me­­­lhores reservas para Kaká, Robinho e Júlio César. Todas as outras seleções possuem deficiências.

Se o Brasil ganhar ou perder, o motivo principal não será Dunga. A Inter não eliminou o Barcelona na Liga dos Campeões da Europa porque José Mourinho fez uma revolucionária retranca, tão elogiada, e sim porque tinha ótimos defensores. Já vi um milhão de vezes times jogarem da mesma forma, com nove jogadores na entrada da área.

O Santos não possui um excepcional ataque porque tem uma postura ofensiva, e sim porque possui os três melhores jogadores que atuam hoje no Brasil (Robinho, Gan­­­­so e Neymar). Os técnicos são im­­­­­­portantes, mas nem tanto. A prin­­­cipal discussão não deveria ser entre futebol de resultados e futebol-arte, ofensivo e defensi­­­vo, e sim sobre os jogadores que sa­­­­­­bem, os que não sabem e os que sabem mais ou menos jogar futebol.

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