domingo, 4 de julho de 2010

Maracanaço versão 2014?

 

sáb, 03/07/10

por luiz.carlos |

categoria Coritiba, Editorial

| tags Coritiba, Editorial

Reprodução/House

Reprodução/House

Não tinha escrito uma única linha sobre a Copa do Mundo. Não me interessava, minha prioridade é o Coritiba e a volta dele este ano, custe o que custar, exceto a falência do Clube. Escreverei este único editorial sobre o tema, pois ele acaba sendo relacionado com o canário interno no Alto da Glória há muitas décadas.

Mas a derrota frente a Holanda mostra o quanto o futebol se torna a cada ano mais previsível: a margem de erros diminui, a competitividade aumenta, os vacilos são imperdoáveis.

Um dia depois, a história se repetiu nas cores da vizinha e pra lá de rival Argentina.

Dunga e Maradona tem algo em comum: ambos são dubles de treinadores. Não questiono os desempenhos deles dentro de campo, a história já foi contada. Mas no comando de seleções – note, seleções nacionais – são sofríveis.

É necessário rever conceitos. E vai além do campo. Passa por amistosos caça-níqueis, interferências mercadológicas, calendário esdrúxulo, campeonatos desorganizados.

Treinadores se tornaram semideuses  do futebol, donos da verdade absoluta, como meninos birrentos, não admitem serem questionados num cenário onde os generalistas não podem quererem se tornar especialistas sozinhos, decidindo tudo, por todos. Um erro.

Da Argentina não há o que se falar. Perderem de quatro para um jovem elenco alemão, muito determinado, preparado fisicamente, obediente taticamente e, bem equilibrado em campo, com jogadores adaptados às funções e os três setores do time funcionando em perfeita sintonia.

Cada um a seu estilo, mostraram que o equilíbrio de um time é indispensável. Se Dunga mostrava um estilo só defensivo, Maradona era o inverso, só montou um time ofensivo. Não deu certo. Faltou equilíbrio.

Sneijder, o dono do time holandês, explicou após a vitória contra o Brasil o quanto o futebol é feito com a somatória de detalhes. “Fomos espertos. Eu sempre disse que, se queremos estar entre os grandes, precisamos fazer o que seja”.

Fica evidente que eles se prepararam para vencer o jogo, projetando todos os cenários possíveis, entre eles, o negativo, o de sair para o intervalo perdendo o jogo. Já o Brasil, não se preparou adequadamente para a hipótese de um revés.

A assustadora fragilidade técnica, tática e emocional ficou evidente. Dois gols de cabeça na pequena área, um goleiro frágil e que falha na hora decisiva, uma zaga alta e que toma gols de cabeça, um volante irresponsável ao agredir um adversário, um camisa 10 que jogou fora de condições, uns ex-atletas em campo, um monte de volantes, só um meia e poucas opções ofensivas capazes de na individualidade resolver o jogo. E o banco de reservas muito abaixo do nível dos titulares.

Se o futebol brasileiro não tem melhores nomes, é outra história. O fato é que não havia elenco para ganhar a Copa, mesmo com a fragilidade de grandes nomes neste mundial. Há tempos não se via uma Copa sem um único jogador de altíssimo nível brilhando individualmente.

Tive a impressão de que os jogadores sabiam que se o revés acontecesse durante o jogo, não haveria BOLA para revertê-lo. O time ficou em frangalhos no tempo final, jogando de forma ridícula com chutões e cruzamentos descalibrados. Foi medíocre o fim da Copa.

Ao final, um clima de mea culpa. Da imprensa, esperava mais. Ficaram distante de colocar os dedos nas feridas, mostrando os erros incríveis que se acumularam até chegar no inevitável, a derrota. Dos marqueteiros, um cínico ar de que “lutamos e em 2014 será nosso”. Não será se não houver profundas mudanças no futebol brasileiro.

Reprodução/House

Reprodução/House

Como diz o House, “A má notícia: o amor não pode te salvar”. É bem isto. O cenário ufanista, um interesse mercantilista a qualquer custo – vender, vender, vender – travestido de  falso patriotismo só mantém o status quo. E boa parte da imprensa ficou com um jeito de “café com leite, e frio”. Tratou como se fosse o imponderável do futebol. Não foi. Os erros foram evidentes. Uma visão ufanista, tratando o torcedor como gado. Tipo, se contentem com isto e continuem sendo bonzinhos, sem criticar ou questionar. Fiquem conformados. No futebol, só os inconformados com o fracasso alcançam o maior sucesso.

O Dunga sairá e não será isto que mudará todo o cenário. Só isto será uma cortina de fumaça. E  é impressionante como se fazem cortinas de fumaça no futebol brasileiro. E o status quo se mantém inalterado, apesar de enferrujado cada vez mais.

Sem profundas mudanças no futebol brasileiro, a história de 1950 se repetirá  e haverá um Maracanaço em 2014. E aí, o futebol perderá muita coisa, pois o descrédito irá aumentar assustadoramente. E o mercado, ficará fragilizado enormemente.

Não será a torcida brasileira quem ganhará a Copa. E jogar esta responsabilidade em mensagens subliminares não mudará o cenário. Curiosamente, isto se repete há anos no Coritiba… e no nosso caso, não será a torcida que irá fazer o time subir este ano.

--------------------------------------------------------------

  • 9

    Carlo Ramirez:
    3 julho, 2010 as 22:57

    Ola Luiz.
    Acho q o problema maior qdo falamos sobre seleção brasileira, temos q discutir o “coronel Ricardo Teixeira” que esta no cargo desde, sei la qdo….Um pessoa que nunca teve vinculo com o futebol, a não ser ..ser genro de quem ele era..
    Falar do técnico, passa por esta reflexão..baseada em que, este senhor escolher o Dunga como comandante da maior equipe de futebol de planeta…não havia nada diferente a esperar…acho até que ele foi bem…pela experiência e competência comprovada…
    O Duro será ver esta copa no Brasil….com corinthias de repente ganhando C,T,..estadio…e o nosso rival tbem…e outra barbaridades.,..
    Um vergonha…

    ***

    Carlo, não sei no que ele se baseou na escolha, mas deu errado a escolha dele.

  • Nenhum comentário:

    Postar um comentário

    Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.