quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Opinião: Lédio Carmona

Lédio Carmona (@lediocarmona)

Um querido amigo disse certa vez que sou diplomata dos gramados. Era uma definição jocosa. Ele não entendia (como até hoje não entende) como eu classifico clubes de fora do Rio, de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul como grandes. Vejo dessa maneira porque, de fato, eles são grandes. Para compreender melhor, bastar entender cada torcida local, a história de cada um deles, seus ídolos, suas origens, sua trajetória, suas glórias e seus fracassos. Para um quarentão como eu, quase um cinquentão, passar infância e adolescência lendo a Revista Placar, que nos apresentava o “Brasil fora do Eixo”, foi o melhor dos mundos. Há vida fora do Maracanã, do Engenhão, do Pacaembu, do Morumbi, do Mineirão, do Olimpico e do Beira-Rio. Há paixão. Há esperança. Há alegria. Há tristeza. E também há carnaval. Como o do Coritiba, com passaporte carimbado para voltar à Série A após a vitória de 3 a 2 sobre o Duque de Caxias, num deserto São Januário. Quem tem história para contar é grande. E os verdes paranaenses estão voltando para o lugar de direito: a elite.

A festa da redenção merecia mais glamour. Jogo para quase ninguém em São Januário. O Duque de Caxias montou uma boa equipe, atrevida, faz boa campanha, sob comando desse surpreendente Gílson Kleyna, mas o torcedor não acompanha. E os estádios ficam vazios. Aconteceu ontem, exatamente no dia D. Na noite na qual o Coxa merecia casa cheia.

Assim mesmo, teve gol de Leo Gago com 1 minuto. De fata, como sempre. Logo em seguida, Enrico fez 2 a 0. Ambos do Vasco, emprestados. O Coxa dormiu, esperou pelo apito final, e o Duque empatou. Somália, excelente, e Frontini. E, nos acréscimos, a consagração. Jogadaça de Tcheco, tocda de categoria de Marcos Aurélio. É festa do Coritiba.

Campanha de grande. De quem sabe ser grande. E que é muito maior em sua vida do que duas dezenas de baderneiros que tentaram manchar a história do clube numa triste tarde de domingo.

O Coritiba ressurgiu da tragédia e teve a sapiência de fugir ao lugar-comum. Enquanto todos os rebaixados demitem seus treinadores, o Coxa manteve Ney Franco. Que, fiel ao projeto e ao clube, topou passar um ano na segundona. Fez um time guerreiro. Com cara de B. Não adianta montar equipe de A para jogar a B. O buraco é mais embaixo. Antes de querer jogar, é preciso gostar de correr e lutar. E isso não falta ao Coxa-2010.

O Coritiba tem história. Eu lia na Placar e constatei quando me tornei jornalista. História que Bahia, Vitória, Atlético-PR, Sport. Náutico, Santa Cruz, Avaí, Figueira, etc… também tem. Lugar de grande é entre os grandes. O Coritiba voltou. Seja bem-vindo de volta, Coxa!

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